Fabyola Souto
Pedra Lavrada
Diante da alta proliferação do novo coronavírus, o Covid-19, estamos vivendo e vendo grandes modificações na vida das pessoas e das organizações. A medida preventiva é o isolamento social, visando à redução de novos casos, porém a nova rotina traz diferentes desafios e permanecer saudável emocionalmente é um ponto importante nesse período.
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o Brasil, tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros, o qual representa que cerca de 9,3% da população convivem com o Transtorno de Ansiedade.
Sabendo disso, e por isso, se torna preocupante que ao prevenirmos um vírus, desenvolvamos um transtorno.
Uma revisão publicada na revista The Lancet, uma das mais antigas e prestigiadas revistas médicas do mundo, avaliou os impactos psicológicos da quarentena sobre as pessoas que viveram situações de epidemia (H1N1, SARS, Ebola, entre outras). A conclusão da revisão mostra que pessoas submetidas à quarentena tinham níveis maiores de estresse psicológico que às não submetidas, com sintomas diversos (ansiedade, estresse, insônia, irritabilidade, medo, entre outros).
O estresse é um grande fator de risco para várias doenças e transtornos mentais, principalmente da Ansiedade e posteriormente à Depressão. Ao lado delas, ainda vem o pânico e é provável que neste momento ao qual estamos vivendo – o confinamento, possa haver uma incidência maior das mesmas.
Foi pensando neste momento que eu trouxe pequenas e simples estratégias capazes de nos fazer viver o agora, sem o peso do ontem e o medo do amanhã:
▪️ -INFORME-SE, MAS COM MODERAÇÃO-
Equilíbrio, essa sempre foi a chave para tudo na vida. Tente equilibrar a quantidade e a qualidade de informações para não cair em um dos dois extremos: negligência (“não quero saber de nada”) ou desespero (“quero saber de tudo). Perceba qual horário do dia é melhor para você se informar – como no horário do almoço ou fim de tarde – e, depois, realize outras atividades sem que a ansiedade ou a tristeza tomem conta de você. Evite buscar informações principalmente, em dois momentos:
1. Antes de dormir, pois as notícias podem influenciar seu sono.
2. Ao acordar, pois notícias ruins podem dar a essência para o seu dia.
▪️ -RESPEITE-SE-
Estar em isolamento pode gerar uma montanha-russa emocional. Em uma hora você sente esperança, compaixão, gratidão pelo que tem, na outra hora, sente ansiedade, tristeza ou raiva. Quando você se sente bem, percebe-se com energia e disposição para cuidar de si, da casa, do trabalho. Mas quando se sente mal, a energia vai embora e pode sentir vontade de dormir, chorar ou conversar com alguém.
Reconheça e, se for possível, respeite suas necessidades. Tá tudo bem não está bem o tempo todo, peça ajuda quando sentir que não está dando conta de lidar sozinho.
▪️ -EXERCITE-SE-
Atividades físicas liberam endorfinas, hormônio responsável pelo bem estar, humor, concentração e autoconfiança, ajudando na nossa saúde mental. Já dizia o filósofo romano Juvenal: “Corpo são, mente sã”.
Existem vários aplicativos e canais do YouTube que mostram como fazer atividade física em casa. Pesquise para ver com qual você se identifica mais e defina um horário que é mais adequado para você.
▪️ -MEDITE-
Meditação é uma forma incrível para se manter no presente e se desfazer de sentimentos que geram desconforto. Para quem não tem o hábito de meditar, as meditações guiadas são uma ótima opção, pois basta ser concentrar no que está sendo orientado. Meditopia é um ótimo aplicativo para iniciantes desta prática.
▪️ -TÉCNICA DE RESPIRAÇÃO 3-3-6-
Fique atento aos seus sentimentos. A meditação vai te ajudar com isso. Caso você sinta ansiedade, reconheça-a e, perceba em que parte do corpo você a sente. Calcule, qual é a intensidade, de zero a 10, e, se for intensa, faça a seguinte técnica de respiração 3-3-6:
✨ Inspire suavemente contando mentalmente até 3
✨ Segure contando mentalmente até 3
✨ Expire suavemente contando mentalmente até 6
Volte à atenção para a parte do seu corpo onde estava sentido a ansiedade e veja quanto está sentido, de 0 a 10. Repita calmamente a respiração até que a ansiedade chegue ao nível zero. Se quiser, pode fazer agora e vê a incrível sensação de ser e estar presente.
▪️ -BUSQUE APOIO-
Contato com outras pessoas é fundamental para humanos em momentos de comemorações e de tristezas. A presença de outro ser faz a alegria ser mais intensa e a dor ser mais amena.
O distanciamento social presencial pode ser amenizado por encontros online com amigos e familiares, e para isso existem aplicativos que permitem reuniões à distância com várias pessoas ao mesmo tempo.
Por fim, e não menos importante…
▪️ -RESPONDA À DUAS PERGUNTAS-
Essas duas perguntas podem te ajudar a ver as coisas de uma maneira diferente:
1. “O que você tem vivido de bom nessa situação?” Parta do princípio de que tudo tem um lado bom e tudo tem um lado ruim. E responder essa questão te ajuda a sair do ciclo de reclamações e ver o copo meio cheio.
2. “O que quero aprender nesse momento?” Podemos ver essa crise como uma oportunidade de aprendizado, um momento em que temos mais tempo para ler, estudar, escrever, assistir aulas online ou até aquele filme que você tanto queria. Quando você reflete sobre o que quer aprender, define um objetivo que te ajuda a trilhar um caminho para chegar nele, com calma, respeitando o seu tempo e as suas necessidades.
Todas as dicas anteriores te ajudam a responder as questões e como conduzir seu momento.
E lembre-se: -Isso vai passar, a questão é como você quer estar quando isso acontecer-
Por Fabyola Souto
Em 17 de Abril de 2020
REFERÊNCIAS
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Covid-19: OMS divulga guia com cuidados para saúde mental durante pandemia. In: APA Offers Resources to Cope with COVID-19. [S. l.], 2020. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2020/03/1707792. Acesso em: 17 abr. 2020.
Como lidar com os aspectos psicossociais e de saúde mental referentes ao surto de COVID-19. Versão 1.5, março 2020. IASC – Inter-Agency Standing Committee. Disponível em: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%c3%bade-Mental-e-Aten%c3%a7%c3%a3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-recomenda%c3%a7%c3%b5es-gerais.pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.
WHO. Mental health and psychosocial considerations during COVID-19 outbreak. March, 2020. Disponível em: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/mental-health-considerations.pdf. Acesso em: 17 abr. 2020.
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