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Meio Ambiente repete desmonte e paralisia do MEC

KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA

Não fossem os efeitos trágicos para a agenda pública, a crise Carlos Bolsonaro-Hamilton Mourão seria uma comédia pastelão.

A ira de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro contra o vice-presidente da República mistura teoria da conspiração, intriga política rasteira, tuítes escritos num português capenga, pedido de impeachment pueril, despreparo político, imaturidade emocional e inveja sobre a capacidade de estabelecer relações civilizadas com a imprensa, a oposição e instituições estrangeiras.

Esse imbróglio atrai a atenção do público, até diverte alguns nas redes sociais. Mas drena a energia do governo e do Executivo para projetos de interesse do país e permite que se fale pouco do desmonte em curso, por exemplo, da política ambiental que vem sendo construída há 30 anos no Brasil.

Existe um paralelo entre o que aconteceu e ainda acontece no Ministério da Educação com o que está ocorrendo na pasta do Meio Ambiente.

Há ministros empenhados em desconstruir políticas que levaram anos para ficar de pé. Na questão ambiental, que contribui para que o país seja uma potência no jogo geopolítico global, está em curso uma destruição de políticas públicas.

Funcionários vivem em estado de rebelião contra o ministro Ricardo Sales, que, numa canetada, trocou a diretoria do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Há acusações de assédio moral e político. Outras pastas também implementam a agenda do atraso que caracteriza o bolsonarismo enquanto a plateia se diverte com os lances grotescos contra o vice-presidente da República, que parece uma ilha de bom senso na comparação com Bolsonaro e seus filhos políticos.

Velhacos

Nos seis governos anteriores ao de Bolsonaro, sempre que houve liberações de emendas parlamentares em datas próximas a votações importantes no Congresso, a imprensa caracterizou tais ações como fisiologia, é dando que se recebe, toma-lá-dá-cá, compra de apoio parlamentar etc.

Deputados federais do Centrão, grupo de legendas conservadoras que costumam agir em sintonia no Congresso, confirmam que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, oferece a liberação extra de R$ 10 milhões por ano para cada parlamentar que votar a favor da reforma da Previdência. Seriam R$ 40 milhões per capita até 2022. A “Folha de S.Paulo” trouxe reportagem consistente a respeito desse tema.

Onyx condicionou liberação de dinheiro público a voto no parlamento. Isso é contra o que Bolsonaro pregou na campanha. Não se trata de uma negociação política legítima. É uma oferta espúria. É o que há de mais velho na política.

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